terça-feira, 13 de julho de 2010

Atitude e participação


“Não é confrontar a nossa mediocridade ou a nossa insuficência o que mais tememos. Pelo contrário, nosso temor mais profundo é medir toda a extensão de nosso poder. É nossa luz que nos dá medo e não nossa escuridão”, disse Nelson Mandela em seu discurso de posse na Presidência da África do Sul, em 1994. Encerrada a Copa no país de Mandela, as palavras do ex-presidente ecoam alto. Releio-as agora quando termina o período de gestão no Sindjorce.

Saio com um grande aprendizado para a vida e com uma certeza: a luta pelos direitos dos trabalhadores, por um jornalismo ético e de qualidade e pela democratização da comunicação precisa de mais adeptos. De gente disposta a defender muito mais do que salário. Os jornalistas cearenses podem conquistar mais, “medir toda a extensão de seu poder”, como disse Mandela.

Para mim, o Sindjorce acertou sim ao garantir ganho real para os jornalistas cearenses ao longo dos últimos anos, dentre outras conquistas obtidas para a categoria, inclusive na Justiça. Não houve êxito em tudo que pretendíamos, como garantir a continuidade da obrigatoriedade do diploma, mas continuamos buscando, no Congresso Nacional, meios para reverter o grande equívoco do Supremo Tribunal Federal (STF).

O sindicato é de luta, de muitas vitórias e também de alguns tropeços. É preciso contar com o engajamento de mais profissionais para garantir a continuidade de mais de meio século de uma trajetória bem sucedida da entidade. Cabe aos colegas jornalistas se interessar não apenas pelo ganhos como indivíduos - direitos e conquistas monetárias e de melhoria de trabalho. Precisamos estar atentos e atuantes por conquistas do conjunto da categoria - como a manutenção do diploma, pilar da regulamentação da nossa profissão -, e da sociedade em geral, como é o caso da democratização da comunicação.

Fui convidada a participar dessa disputa para a sucessão no Sindjorce. Preferi não ser candidata e voltar agora à redação do Diário do Nordeste. Isso não quer dizer que simplesmente vou lavar minhas mãos e me ausentar do sindicato. Tampouco sou cabo eleitoral. Portanto, sinto-me à vontade para dar minha opinião sobre o cenário político em relação ao Sindjorce.

Lamento que neste momento em que deveriam estar sendo expostas propostas, alguns profissionais que não participam de atividades realizadas pelo sindicato há muito tempo – pelo menos desde 2004 (na gestão anterior, quando eu era suplente) - e que estiveram completamente ausentes sintam-se no direito de desrespeitar a atual diretoria e a história de um sindicato que tem 57 anos.

Protesto veementemente, por exemplo, contra quem considera e declara publicamente ser o Sindjorce uma “inutilidade”. Lanço um desafio a todos os colegas: as nossas reclamações, que muitas vezes mal chegam ao colega ao lado, precisam transformar-se em atitude e em participação. Respeitar e fazer valer o Código de Ética e as Convenções Coletivas de Trabalho da categoria e fortalecer a entidade que nos representa não são deveres só dos dirigentes sindicais, mas de cada um dos jornalistas profissionais no Ceará.

Cristiane Bonfim
Jornalista por formação desde 1999 e secretária-geral do Sindjorce gestão 2007-2010